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segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Naufragio do Arnel



19 Setembro 1958 - Naufrágio do navio Arnel, no Baixio dos Anjos, Ilha de Santa Maria
Do Jornal A União :

Como muitos marienses, no mês das vindimas, as famílias permaneciam nas fajãs de São Lourenço e da Maia, uma vez que as escolas só abriam cerca de 7 de Outubro. Mas na manhã daquele dia 19 de Setembro de 1958, chegou-nos à praia de São Lourenço a triste notícia de que o navio motor “Arnel”, da Empresa Insulana de Navegação, tinha encalhado nas baixas dos Anjos, a menos de uma milha da costa e que havia mortos e náufragos.
Para os meus nove anos de idade, ver os adultos pesarosos e nas famílias pairar a dúvida de algum familiar ter ou não embarcado nesse navio fez crescer mais a angústia de muitos. Depois foi-nos chegando o relato da tragédia, causada em parte pelo pânico entre os cerca de cento e sessenta e três passageiros, quando pelas quatro horas da madrugada daquele dia se deu o acidente.
Ao fazerem descer dois salva-vidas, na escuridão da madrugada, alguns foram apanhados entre os mesmos e o casco do navio e projectados no mar. Pelo menos quinze vítimas, cujos nomes nos vêm à memória, entre elas o jovem Capelão do Aeroporto de Santa Maria, o Pe. Artur José Medeiros Brandão. E a heroicidade de alguns que tentaram salvar várias pessoas, entre elas o seminarista teólogo, Arsénio Chaves Puim, que conseguindo salvar a sua irmã, não conseguiu salvar a sua mãe Maria Encarnação Chaves.
Nesse mesmo dia, o jornal “A União”, então vespertino, alertado pelo seu correspondente naquela Ilha, João Pimentel, traz na última página a funesta notícia: O “Arnel” encalhou no mar de Santa Maria. E de que os passageiros estavam a ser retirados de bordo, pelo helicóptero da Base das Lajes, operando ainda outros aparelhos da Busca e Salvamento. E que a bordo de um dos aviões da Base seguiu para Santa Maria um conjunto de Bombeiros Voluntários de Angra, a prestar auxílio, sob o comando de Roberto Zagalo.
No dia vinte de Setembro “A União” destacava em primeira página “A tragédia do Arnel – Mortes e desaparecidos – A grande acção de salvamento. Auxílio e consternação. De referir, que o então director deste jornal, Artur Cunha de Oliveira, que se encontrava na Graciosa, seguiu de imediato, no “Cedros” para Santa Maria, a relatar o sucedido.
Prestaram auxílio o salva-vidas “Almirante Castilho”; Traineiras “Raquel” e “Ilhéu”; rebocador “gazel”, iates Ribeira Quente, Santo António e Senhora da Guia.
De destacar os meios aéreos da B A 4 das Lajes de que sabemos o helicóptero estar sob o comando do Major Rocha Peixoto e a fortaleza B – 17, pilotada pelo Tenente-Coronel Rosa Rodrigues.
Recordemos as vítimas: Pe. Artur Brandão, Maria Encarnação Machado, Vidália Maria Paiva Cabral Melo, Maria da Encarnação Chaves, Maria Cizaltina Costa Galego, Maria Conceição Sousa Bairos, Angelina Augusta Cabral, Joaquim Soares Melo, Carlos Manuel Costa Dutra, José Manuel Amaral Soares, José Joaquim (tripulante), na ocasião dados como desaparecidos: António Medeiros Brilhante, Manuel Sousa Borges José de Sousa e José Joaquim Pacheco.

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